sábado, 12 de novembro de 2011

Entrevista com Beto Junqueyra

Nascido em São Paulo, Alberto Junqueyra Guimarães foi criado entre os diversos livros de Monteiro Lobato.

Já escreveu mais de 50 biografias e hoje é autor de vários livros infantojuvenis, entre eles, "Os Natos - volta ao mundo falando Português". 


A obra trata de uma viagem interdisciplinar, na qual um grupo de adolescentes descobre a riqueza da Língua Portuguesa falada nos quatro cantos do mundo.


Confira entrevista concedida ao blog "Escritora Marginal" em 10.11.11.


1 – Fale um pouco sobre sua formação acadêmica.
Estudei Marketing Internacional na Fundação Getúlio Vargas e passei pela França, Dinamarca e Luxemburgo antes de me formar. Queira conhecer o mundo e foram as viagens que mostraram a importância e o interesse crescentes da língua portuguesa. E certamente me trouxeram muitas ideias e inspiração.

2 – Quando criança qual era seu grande sonho?
Queria ser médico. Meu avô (o Tobi, personagem do livro "Os Natos") era clínico geral. Até o início do terceiro colegial mantive essa ideia, mas depois descobri que gostava mesmo era de conhecer novas culturas, raças e línguas. E viajei o mundo todo. Mas minha realização maior começou quando comecei a escrever, cerca de quinze anos atrás.

3 – Em que momento da sua vida decidiu que gostaria de se tornar escritor? Foi influenciado por alguém da família ou amigo?
Meus pais sempre me incentivaram. Com nove anos eu já possuía um caderno de contos que meu pai mostrava a todas as visitas, com muito orgulho. Sempre escrevi muito e minhas redações eram o ponto forte na escola. Ao conhecer personalidades da mídia, decidi escrever meu primeiro livro. Tinha então 37 anos.

4 – Qual a sensação que teve ao concluir seu primeiro livro?
Você fica ansioso e quer terminar logo. Todavia, é preciso ter calma, escrever e reescrever até ficar realmente feliz com o enredo. E quando você sente aquele frio na barriga de que o resultado ficou legal, que você curtiu a história, é porque ela está pronta.

5 – Como é a sua relação com os críticos literários brasileiros?
Já recebi algumas resenhas favoráveis, porém a literatura infantojuvenil passa longe da crítica literária. Ou melhor, eles passam longe da gente. É difícil ter uma resenha de um crítico.

6 – Você acha que, em alguns casos, os críticos exageram nos comentários e acabam depreciando obras que nem sempre são ruins e supervalorizando outras que nem sempre são tão boas?
Tanto na literatura como no cinema há a crítica tendenciosa que não enxerga como a grande massa leitora ou espectadora. Em suma, não veem com os mesmos olhos do público e, infelizmente, ao criticarem determinada obra, podem matá-la prematuramente.

7 – Quais autores você admira e que fazem parte da sua formação?
Júlio Verne, por seu trabalho de pesquisa e visão de futuro; Monteiro Lobato, por sua capacidade de falar com as crianças de uma forma ímpar e João Carlos Marinho.

8 – Cite um livro que, no seu ponto de vista, seja uma grande obra prima e explique.
“A Chave do Tamanho”, do Monteiro Lobato, é a minha predileta. Já li essa obra-prima quatro vezes. O livro fala da segunda guerra mundial e da forma genial que a Emília encontrou para acabar com ela. Diminuindo todos os seres humanos e forçando a um recomeço da civilização baseado na cooperação e na solidariedade.

9 – Quando finaliza um livro costuma pedir a opinião de pessoas próximas?
Em geral sim. A opinião de um bom editor é decisiva, pois ele é sincero e vai apontar onde melhorar. Opinião de amigos podem ser perigosas, pois em geral, para não melindrar, não fazer críticas que podem contribuir para o aperfeiçoamento da obra.

10 – Você acredita que por meio da literatura é possível mudar o comportamento das pessoas para melhor ou pior?
Em geral a literatura pode ajudar a melhorar a visão de mundo. Um livro aberto é um chão, é um telhado e pode ser um abraço que vem em nossa direção. Para uma criança tão importante como aprender a dar o primeiro passo é aprender a virar sozinha a página de um livro. Só assim é que ela vai aprender a escolher realmente os melhores caminhos.

11 – Fale um pouco do livro “Os Natos”. Qual a importância desta obra na sua vida?
Ele retrata em ritmo de aventura e interatividade a força da língua portuguesa no mundo. Foi um trabalho de muita pesquisa. Consultei muita gente, livros e empresas. Fui duas vezes a Portugal. E pude homenagear pessoas marcantes na minha vida como o velho mestre de Português e a primeira paquera.

12 – É possível perceber nas suas palestras, o quanto você aprecia a Língua Portuguesa. Com o advento da Internet, você acha que esse recurso tecnológico veio para agregar novas formas de aprendizagens ou para descaracterizar o Português, uma vez que não é obrigatório o uso formal da língua nas conversas online?
Logicamente quando estão no Facebook, Twitter ou Messenger, a galera precisa falar com várias pessoas e acaba abreviando seu discurso. Porém, nunca se escreveu tanto como hoje. É preciso orientar as crianças e mostrar que aqueles que sabem expressar melhor o que querem, o que podem e o que sentem, realizarão seus sonhos e terão mais chances de encontrar a felicidade.

13 – Sobre Tecnologia x Literatura, qual a sua opinião a respeito das obras que podem ser baixadas pela Internet? Como você encara a prática da leitura somente pelo computador?
É uma tendência que em dois ou três anos conquistará um espaço importante no mercado brasileiro. Jornais e revistas, mediantes assinaturas, assim como as operadoras fazem hoje com celulares, darão tablets de graça. Mas há outros recursos que podem ser bem explorados.

14 – Quais escritores você recomenda para aqueles que querem melhorar na escrita e tomar gosto pela leitura?
Monteiro Lobato, Ruth Rocha, Ana Maria Machado e Clarice Lispector para quem está começando.

15 – Qual é a sua maior preocupação quando é convidado a palestrar para adolescentes? 
É interessante como eles gostam de participar e curtem o bate-papo. Há perguntas criativas e que nos trazem novas ideias. Estar entre os jovens nos fazem também eternamente jovens. Eles têm um bom nível.

16 – Na sua opinião, o que é necessário para ser um bom escritor?
Ler é muito importante. Ler é a matéria-prima do escritor. Ler, ler e ler. E anotar sua ideias, formatá-las aos poucos num mesmo caderno e, de repente, você está pronto para escrever seu primeiro livro. Não ter medo de escrever o quanto for necessário.

17 – Se não fosse escritor seria...?
Publicitário e editor. Aliás, acho que hoje sou os três, publicando livros para empresas.

Beto você é muito simpático e atencioso. Obrigada pela entrevista.
Parabéns pela qualidade das perguntas. Bem pertinentes! Com um abraço carinhoso, 
Beto Junqueyra.

2 comentários:

S. N. disse...

Boa tarde,
Meu nome é Stéfanie Neuman, sou estudante de jornalismo do segundo semestre da Universidade Anhembi Morumbi. Gostaria de saber se existe a possibilidade de solicitar o e-mail do escritor Beto Junqueyra.
Estou fazendo parte de um projeto para a faculdade onde devo entrevistar um escritor. O Beto é um que particularmente admiro muito.
Ficaria muito grata se houvesse como contacta-lo.

Aguardo anciosamente uma resposta. <3

S. N. disse...

Boa tarde,
Meu nome é Stéfanie Neuman, sou estudante de jornalismo do segundo semestre da Universidade Anhembi Morumbi. Gostaria de saber se existe a possibilidade de solicitar o e-mail do escritor Beto Junqueyra.
Estou fazendo parte de um projeto para a faculdade onde devo entrevistar um escritor. O Beto é um que particularmente admiro muito.
Ficaria muito grata se houvesse como contacta-lo.

Aguardo anciosamente uma resposta. <3