quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Trinitária fé




Levanto-me com a força dos céus...

A luz do sol,

O brilho da lua,

O esplendor do fogo, 

A velocidade do trovão,

A rapidez do vento, 

A profundidade dos mares,

A permanência da terra, 

A firmeza da rocha.

Levanto-me com poderosa força e 


invoco a Trinitária fé... 

Professando a unidade:

Do Criador e da criatura.

Ledo engano




Há um ledo engano
Em não querer ver
Que é dom: recomeçar!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Era uma vez...



Era uma vez, uma menina que queria ser jornalista, que queria ser escritora, que depois queria ser ilustradora, mas não sabia ao certo desenhar...

Daí teve uma grande ideia!

Pegou tudo aquilo que era sonho e jogou numa panela. 

Panela de mentirinha.  Fez então, aquela misturinha que só a imaginação poderia autorizar.

Botou papel, papelão, massinha, macarrão, jornal, cola bastão e tudo parecia agradar.

Por fim, sentiu que faltava o principal, respirou fundo e... Tchau!

Quem viu de perto não acreditou:

- Meu Deus! Ela pulou!
- Pulou nada. Ela mergulhou!
- Gente, mas... espera aí! Alguém pode me dizer se ela sabe nadar?
- Xiiii... Acho que não!
- Correeee!!! Alguém chama o autor da história.

Haja paciência! Lá vou eu recontar:

Era uma vez uma menina, que era jornalista, que era escritora, que era péssima ilustradora, que descobriu que gostava de ser professora, mas, que na verdade verdadeira dessa história, queria mesmo era ser mergulhadora profissional.

Ela queria mergulhar bem fundo nas suas ideias malucas e não ter pressa de voltar.

Mas muita atenção!
Este ainda não é o Final!
Escola Modelo - Projeto Pró Infância


Primeira Contação de História dia 24.9.15


Atividade sobre as cores primárias/ Primavera




quarta-feira, 10 de junho de 2015

A concepção de natureza, segundo Fernando...



Num dia excessivamente nítido, 
Dia em que dava a vontade de ter trabalhado muito 
Para nele não trabalhar nada, 
Entrevi, como uma estrada por entre as árvores, 
O que talvez seja o Grande Segredo, 
Aquele Grande Mistério de que os poetas falsos falam. 
Vi que não há Natureza, 
Que Natureza não existe, 
Que há montes, vales, planícies, 
Que há árvores, flores, ervas, 
Que há rios e pedras, 
Mas que não há um todo a que isso pertença, 
Que um conjunto real e verdadeiro  
É uma doença das nossas ideias. 
A Natureza é partes sem um todo. 
Isto é talvez o tal mistério de que falam. 
Foi isto o que sem pensar nem parar, 
Acertei que devia ser a verdade 
Que todos andam a achar e que não acham, 
E que só eu, porque a não fui achar, achei.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A era do vázio

Que Deus nos ajude a não mergulharmos neste espelho:

O narcisismo, nova tecnologia de controle suave e autogerado socializam dessocializando e coloca os indivíduos de acordo com um social pulverizado, glorificando o reino da expansão do Ego puro. Uma busca interminável de si mesmo. Como o espaço público se esvazia emocionalmente por excesso de informações, de solicitações e de estímulos, o Eu perde suas referências e sua unidade por excesso de atenção: o Eu se tornou um conjunto impreciso.

O medo atual de morrer e de envelhecer faz parte do neonarcisismo. Nos sistemas personalizados, então resta apenas durar o máximo possível e divertir-se, aumentar a confiabilidade do corpo, ganhar tempo e ganhar a “corrida” contra o tempo. Permanecer jovem, não envelhecer: é o mesmo imperativo da funcionalidade pura, o mesmo imperativo da reciclagem, o mesmo imperativo da dessubstanciação que impede a manifestação dos estigmas do tempo a fim de dissolver as heterogeneidades da idade.

O corpo psicológico substituiu o corpo objetivo e a tomada de consciência do corpo a respeito de si mesmo tornou-se a própria finalidade do narcisismo. O culto ao corpo leva a uma cultura da personalidade. O interesse febril que temos pelo corpo não é, de modo algum, espontâneo e “livre”, pois obedece a imperativos sociais, tais como linha, forma, orgasmo...

O narcisismo enfraquece a capacidade de lidar com a vida social, torna impossível toda distância entre o que se sente e o que se exprime. É aí que se encontra a armadilha, pois quanto mais os indivíduos se libertam das regras e dos costumes em busca de uma verdade pessoal, mais seus relacionamentos se tornam fratricidas e associais.  

Sempre exigindo mais imediatismo e mais proximidade, esmagando o outro sob o peso das confissões pessoais, deixamos de respeitar a distância necessária para manter o respeito pela vida particular dos demais: o intimismo é tirânico e incivilizado. A civilidade é a atividade que protege o eu dos outros e nos permite o prazer a companhia das demais pessoas.

A sociabilidade exige barreiras, regras impessoais que são a única coisa capaz de proteger os indivíduos uns dos outros; onde, ao contrário, reina a obscenidade da intimidade, a comunidade viva se despedaça e as relações humanas se tornam destruidoras.

A fraternidade nada mais é do que a união de um grupo seletivo que rejeita todos aqueles que não fazem parte dele... A fragmentação e as divisões internas são o produto da fraternidade moderna.
Trechos do livro "A Era do Vazio" de Gilles Lipovetsky.