Trágica subida Montanha russa Fino corte sem sangue, à desilusão A morte em vida Minha força talvez seja me lembrar Que me levantei Me guiei pelo que sou E ninguém é igual a ninguém
Ao ler Revolução dos Bichos, do escritor George Orwell, aos 33 anos, o primeiro pensamento que me ocorreu foi "Porque meus professores de História nunca recomendaram este livro, no colegial?". Certamente teria compreendido com muito mais facilidade e clareza o que foi a Revolução Russa. Fiquei impactada com a qualidade literária e a riqueza de detalhes que o autor se utiliza para fazer referência a um período histórico dramático: a Guerra Fria.
"Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros".
De acordo com as críticas, a obra publicada em
1945 foi imediatamente interpretada como uma fábula satírica sobre os
descaminhos da Revolução Russa, chegando a ter sido utilizada pela propaganda
anticomunista, devido a sua dura crítica ao totalitarismo soviético. E não é pra menos! O autor faz referências explícitas ao regime por meio de seus personagens. O despótico porco Napoleão é Stalin; o banido Bola-de-Neve é Trotsky, além dos eventos políticos - a expurgação, instituição de um estado, deturpação tendenciosa da História - que por fim, acaba nos conduzindo para essa analogia. No entanto, creio que a mensagem do livro transcende o
contexto do regime stalinista. Por meio de uma escrita metafórica, George Orwell revela aversão a todo tipo de totalitarismo seja ele estatal, capitalista ou comunista.
E o mais incrível (pelo menos para mim) é que, mesmo tendo se passado mais de sessenta anos após seu lançamento, esta verdadeira obra-prima continua contemporânea aos nossos dias, quando ainda vemos concentração de poder e
de riquezas, manipulação da informação e as desigualdades sociais cada vez mais acentuadas.
Por tudo isso, vale a pena ler a "Revolução dos bichos"...
É
preciso ter pra ser ou não ser
Eis a questão
Ter direito ao corpo e ao proceder
Sem inquisição
A impostura cega, absurda e imunda
A quem convém?
Esta hetero-intolerância branca te faz refém
Esse mundo não vale o mundo meu bem
Grita
a Terra mãe que nos pariu: Parou
Beleza de natureza vã e vil, cegou
Ser indiferente ao ser diferente
É sem senso.
Agoniza um povo estatisticamente, seu tempo
Na maneira, que for
Na bandeira, na cor
Colonizam o grão, as dores da estação
Somos massas e amostras
Contaminam o chão, familia e tradição
Nossas castas encostas