Entrevistas


Entrevista com  Rodrigo Lacerda

Foto: blog do autor
1 - Comente um pouco sobre sua formação acadêmica e como é seu dia a dia.
Fiz graduação em História e depois doutorado em Teoria Literária. Mas não sou uma pessoa muito teórica. Só entendo realmente a prática, o que talvez seja uma limitação. Prefiro escrever os meus livros do que escrever sobre o livro dos outros, embora goste de fazer isso também. Atualmente, trabalho em casa para uma editora de não-ficção, a Zahar, no Rio de Janeiro. Sou o leitor oficial, digamos assim, e ajudo a editora a escolher que livros publicar.  

2 - Desde que idade você escreve?
Aos 16 anos escrevi umas poesias muito ruinzinhas. Aos 21 comecei a escrever um romance, mas não fui além do primeiro capítulo. Aos 24-25 escrevi meu primeiro livro: O mistério do leão rampante.

3 - Como é o processo de criação de um personagem? Você se inspira em pessoas próximas, em personagens de outras obras que admira...? 
Cada hora é de um jeito, vale tudo. É que nem vitamina de esportista radical; você vai jogando tudo no liquidificador – leite, suco, frutas, aveia, açaí, guaraná etc. – e aí uma hora aperta o botão.

4 - Em quais momentos você se sente mais inspirado para escrever?
Quando o texto está saindo fácil, quando vejo que peguei o tom certo, que estou abordando os assuntos da maneira mais interessante que posso.

5 - Sendo você historiador por formação, se pudesse ser um personagem histórico, qual seria?
Na infância, eu queria ser o Elvis. Na adolescência, eu queria ser o Paul MacCartney. Hoje em dia, sonho ser o “grande escritor Rodrigo Lacerda”, que ainda não sou.

6 - Cite escritores que te influenciam diretamente?
Eça de Queiroz e João Ubaldo Ribeiro.

7 - Tem algum livro em especial que mudou sua vida?
Vários. Um deles é Os Maias, do Eça de Queiroz. Um alerta, muito bem escrito e alegre, sobre o perigo de ser acomodado na vida.

8 - Quando deu ao seu livro, o nome "O Fazedor de velhos", imaginou que despertaria a atenção da crítica? Qual a importância desta obra na sua carreira?
Não achei que fosse despertar a atenção de ninguém. O livro foi uma surpresa. A crítica tem muita importância para minha carreira de escritor, mas já tive boas e más críticas. Embora, às vezes, a crítica goste do que faço, não sei se ela consegue realmente entender a minha trajetória literária e a atitude em relação à literatura e à vida, que está por trás dela.

9 - Qual mensagem quis passar com esta obra?
Foram várias, na verdade. Uma delas é que envelhecer não é tão ruim quanto eu imaginava aos 14 anos.
  
10 - Na sua adolescência costumava ler muito ou este hábito foi adquirido com o tempo?
Costumava começar a ler muitos livros, infelizmente terminando poucos. Tenho leituras picotadas de vários autores importantes, infelizmente. Mas eu gostava muito dos livros, das capas, do cheiro, das ilustrações, da cor do papel etc. E sempre gostei de ficar fazendo essas minhas leituras picotadas.

11 - Qual a sua opinião a respeito das obras que podem ser baixadas pela Internet? 
Acho ótimo poder baixar as obras pela internet, mas se o que aconteceu com os arquivos de música -- a pirataria desenfreada -- acontecer com os arquivos dos meus livros, terei de desistir para sempre de um dia conseguir viver só do meu trabalho como escritor e não terei nem uma migalha para deixar para a minha filha depois de uma vida inteira trabalhando. Então, acho bom, mas perigoso e não sei onde vai dar.
Leio muito no computador, pois todos os livros que a editora me manda para ler são arquivos em PDF. Então, acho um ótimo meio para leitura.

12 - Na sua opinião, quais elementos são necessários para compor uma boa obra literária e prender a atenção do leitor?
Som e ritmo nas frases, para começar. Depois, um narrador envolvente. Uma história fluente. Bons protagonistas e bons secundários.

13Cite um livro, que no seu ponto de vista, seja uma grande obra prima e explique.
Os Maias, do Eça de Queiroz. Os personagens têm vida, pulsam, e a linguagem é o português mais sonoro e expressivo que conheço.
  
14 - O Jornal a Folha de S. Paulo disse a seguinte frase sobre você: Rodrigo alcança o nível daqueles escritores que realmente fazem a diferença”. Diga então, o que é necessário para fazer a diferença em um mercado literário tão competitivo?
Acho que eles exageraram, sem falsa modéstia. Tem muita coisa que é necessária para “fazer a diferença” que eu não tenho. Por exemplo, sou um pouco tímido, trabalho lentamente, esqueço as coisas, quando fico nervoso, me enrolo nas palavras (logo eu, um escritor!), não me preocupo em ser/parecer moderno, enfim, um monte de defeitos que um escritor não deveria ter. A única coisa que eu tenho, acho, é um bom ouvido, que me ajuda a encontrar a “voz” dos narradores.

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Entrevista com Beto Junqyeira

1 – Fale um pouco sobre sua formação acadêmica.
Estudei Marketing Internacional na Fundação Getúlio Vargas e passei pela França, Dinamarca e Luxemburgo antes de me formar. Queira conhecer o mundo e foram as viagens que mostraram a importância e o interesse crescentes da língua portuguesa. E certamente me trouxeram muitas ideias e inspiração.

2 – Quando criança qual era seu grande sonho?
Queria ser médico. Meu avô (o Tobi, personagem do livro "Os Natos") era clínico geral. Até o início do terceiro colegial mantive essa ideia, mas depois descobri que gostava mesmo era de conhecer novas culturas, raças e línguas. E viajei o mundo todo. Mas minha realização maior começou quando comecei a escrever, cerca de quinze anos atrás.

3 – Em que momento da sua vida decidiu que gostaria de se tornar escritor? Foi influenciado por alguém da família ou amigo?
Meus pais sempre me incentivaram. Com nove anos eu já possuía um caderno de contos que meu pai mostrava a todas as visitas, com muito orgulho. Sempre escrevi muito e minhas redações eram o ponto forte na escola. Ao conhecer personalidades da mídia, decidi escrever meu primeiro livro. Tinha então 37 anos.

4 – Qual a sensação que teve ao concluir seu primeiro livro?
Você fica ansioso e quer terminar logo. Todavia, é preciso ter calma, escrever e reescrever até ficar realmente feliz com o enredo. E quando você sente aquele frio na barriga de que o resultado ficou legal, que você curtiu a história, é porque ela está pronta.

5 – Como é a sua relação com os críticos literários brasileiros?
Já recebi algumas resenhas favoráveis, porém a literatura infantojuvenil passa longe da crítica literária. Ou melhor, eles passam longe da gente. É difícil ter uma resenha de um crítico.

6 – Você acha que, em alguns casos, os críticos exageram nos comentários e acabam depreciando obras que nem sempre são ruins e supervalorizando outras que nem sempre são tão boas?
Tanto na literatura como no cinema há a crítica tendenciosa que não enxerga como a grande massa leitora ou espectadora. Em suma, não veem com os mesmos olhos do público e, infelizmente, ao criticarem determinada obra, podem matá-la prematuramente.

7 – Quais autores você admira e que fazem parte da sua formação?
Júlio Verne, por seu trabalho de pesquisa e visão de futuro; Monteiro Lobato, por sua capacidade de falar com as crianças de uma forma ímpar e João Carlos Marinho.

8 – Cite um livro que, no seu ponto de vista, seja uma grande obra prima e explique.
“A Chave do Tamanho”, do Monteiro Lobato, é a minha predileta. Já li essa obra-prima quatro vezes. O livro fala da segunda guerra mundial e da forma genial que a Emília encontrou para acabar com ela. Diminuindo todos os seres humanos e forçando a um recomeço da civilização baseado na cooperação e na solidariedade.

9 – Quando finaliza um livro costuma pedir a opinião de pessoas próximas?
Em geral sim. A opinião de um bom editor é decisiva, pois ele é sincero e vai apontar onde melhorar. Opinião de amigos podem ser perigosas, pois em geral, para não melindrar, não fazer críticas que podem contribuir para o aperfeiçoamento da obra.

10 – Você acredita que por meio da literatura é possível mudar o comportamento das pessoas para melhor ou pior?
Em geral a literatura pode ajudar a melhorar a visão de mundo. Um livro aberto é um chão, é um telhado e pode ser um abraço que vem em nossa direção. Para uma criança tão importante como aprender a dar o primeiro passo é aprender a virar sozinha a página de um livro. Só assim é que ela vai aprender a escolher realmente os melhores caminhos.

11 – Fale um pouco do livro “Os Natos”. Qual a importância desta obra na sua vida?
Ele retrata em ritmo de aventura e interatividade a força da língua portuguesa no mundo. Foi um trabalho de muita pesquisa. Consultei muita gente, livros e empresas. Fui duas vezes a Portugal. E pude homenagear pessoas marcantes na minha vida como o velho mestre de Português e a primeira paquera.

12 – É possível perceber nas suas palestras, o quanto você aprecia a Língua Portuguesa. Com o advento da Internet, você acha que esse recurso tecnológico veio para agregar novas formas de aprendizagens ou para descaracterizar o Português, uma vez que não é obrigatório o uso formal da língua nas conversas online?
Logicamente quando estão no Facebook, Twitter ou Messenger, a galera precisa falar com várias pessoas e acaba abreviando seu discurso. Porém, nunca se escreveu tanto como hoje. É preciso orientar as crianças e mostrar que aqueles que sabem expressar melhor o que querem, o que podem e o que sentem, realizarão seus sonhos e terão mais chances de encontrar a felicidade.

13 – Sobre Tecnologia x Literatura, qual a sua opinião a respeito das obras que podem ser baixadas pela Internet? Como você encara a prática da leitura somente pelo computador?
É uma tendência que em dois ou três anos conquistará um espaço importante no mercado brasileiro. Jornais e revistas, mediantes assinaturas, assim como as operadoras fazem hoje com celulares, darão tablets de graça. Mas há outros recursos que podem ser bem explorados.

14 – Quais escritores você recomenda para aqueles que querem melhorar na escrita e tomar gosto pela leitura?
Monteiro Lobato, Ruth Rocha, Ana Maria Machado e Clarice Lispector para quem está começando.

15 – Qual é a sua maior preocupação quando é convidado a palestrar para adolescentes? 
É interessante como eles gostam de participar e curtem o bate-papo. Há perguntas criativas e que nos trazem novas ideias. Estar entre os jovens nos fazem também eternamente jovens. Eles têm um bom nível.

16 – Na sua opinião, o que é necessário para ser um bom escritor?
Ler é muito importante. Ler é a matéria-prima do escritor. Ler, ler e ler. E anotar sua ideias, formatá-las aos poucos num mesmo caderno e, de repente, você está pronto para escrever seu primeiro livro. Não ter medo de escrever o quanto for necessário.

17 – Se não fosse escritor seria...?
Publicitário e editor. Aliás, acho que hoje sou os três, publicando livros para empresas.

Beto você é muito simpático e atencioso. Obrigada pela entrevista.
Parabéns pela qualidade das perguntas. Bem pertinentes! Com um abraço carinhoso, 
Beto Junqueyra.


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Sacolinha, o escritor de Itaquera!
Por Luciene Almeida

Em entrevista concedida ao blog "Escritora Marginal", o jovem Ademiro Alves (Sacolinha), de apenas 27 anos, falou um pouco sobre sua trajetória literária. Antes de se tornar escritor trabalhou como cobrador de lotação e sua paixão  pela literatura iniciou quando leu o livro "Quarto de Despejo", da escritora Carolina Maria de Jesus.

Sacolinha é autor das seguintes obras: “Graduado em Marginalidade” (2005); “85 Letras e um Disparo” (2007); “Estação Terminal” e o mais recente “Peripécias de Minha Infância” (romance infanto-juvenil).

Atualmente trabalha como Coordenador Literário da Prefeitura de Suzano, além de prestar serviços para a UNESCO e para o Ministério da Justiça no projeto “Uma janela para o mundo – Leitura nas Prisões” nas Penitenciárias de Segurança Máxima. Confira entrevista:

EM – Relate um pouco sobre as dificuldades que enfrentou ao estudar em escola pública e como conseguiu, por meio das oportunidades (ou falta delas), desenvolver e aperfeiçoar sua escrita.
Sacolinha: Dificuldades foram muitas, o tal de Bullyng de hoje acaba ficando pequeno perto do que eu já passei. E creio que foi por meio dessas dificuldades que eu me tornei escritor. A emoção e o sentimento me deram força e conteúdo para a escrita.

EM - Após superar tantos desafios para ingressar no mercado literário, qual foi a sensação de finalmente ter um livro publicado reconhecido por uma editora e principalmente por pesquisadores de várias universidades conceituadas, além de educadores que, inclusive, adotaram seu livro na sala de aula?
Sacolinha: A sensação é sempre de mais responsabilidade, pois antes eu escrevia para o meu público leitor (mãe e vizinhos). Hoje tenho leitores na França, Espanha e Portugal, além do Brasil. A responsabilidade é sempre maior.

EMEm sua opinião, por que as grandes editoras resistem tanto a literatura de periferia? Falando especificamente de seus textos, você acha que eles despertam uma consciência social e moral que a sociedade, na maioria das vezes, prefere ignorar a ter que refletir?
Sacolinha: Creio que as editoras querem vender aos leitores um mundo de faz de contas, pois a realidade ficcionada não vende. Mas um fator que é muito decisivo é a questão do reconhecimento público. As editoras querem publicar pessoas já conhecidas, para não precisar investir na divulgação do nome do autor, o que geraria um gasto maior e um lucro que demoraria para chegar. Caso de escritor não conhecido, que teve o seu primeiro livro publicado por uma grande editora, eu só conheço um: Paulo Lins, Cidade de Deus, editora Cia das Letras.

EM  – Como você costuma reagir às críticas literárias?
Sacolinha: Procuro tirar proveito delas. Tento melhorar o que realmente vejo que os críticos têm razão.

EMFale da satisfação e retorno que obteve desde que iniciou o projeto “Uma janela para o mundo”, que incentiva a leitura para agentes e internos no Sistema Penitenciário Federal.
Sacolinha: Foi bacana ser o pioneiro em projetos literários nas Penitenciárias de Segurança Máxima do Brasil. A experiência foi muita boa e enriquecedora para todos: Ministérios envolvidos, UNESCO, agentes e internos. O resultado foi muito satisfatório, tanto que todos resolveram continuar com o projeto. É uma barreira que estamos quebrando ao levar projetos de reinserção cultural e social aos presos.

EM Quando você ministra palestras para jovens de escolas públicas seu objetivo, de certa forma, é incentivá-los por meio da literatura e quem sabe desviá-los da marginalidade. Quando você fala com jovens de escola particular, que desconhecem a realidade da periferia, qual é, de fato, seu objetivo?
Sacolinha: O objetivo é mostrar que o mundo da periferia não é aquele pregado na TV pelos Datenas, Gil Gomes, Geraldos e Afanázios.

EMCite alguns escritores que admira e que talvez possa ajudar outros jovens a tomar gosto pela literatura.
Sacolinha: Carolina Maria de Jesus, João Antônio, Plínio Marcos, Sergio Vaz e Paulo Lins.

CME para finalizar, qual mensagem ou conselho você deixa para aqueles que desejam se tornar escritores?
Sacolinha: Ter muita persistência, porque esse ramo é um dos mais difíceis culturalmente falando. Obstáculos para você desistir aparecerão todos os dias.

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Aposto que depois de ler tuuuuudo isso
você ficou com uma pulga atrás da orelha...
Quer saber o significado do pseudônimo Sacolinha?
Visite também o blog do escritor: http://www.sacolagraduado.blogspot.com


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Vamos proteger o mundinho!
Por Luciene Almeida

A escritora Ingrid Biesemeyer tem um jeitinho todo especial para se dirigir ao público infantil. Como eu adoro literatura infantil e infanto-juvenil e já li alguns livros dela, recomendo sua obra para pais que desejam iniciar seus filhos na leitura, principalmente crianças que estão na fase de alfabetização.
Leia entrevista com a autora:
1 - Há quanto tempo você escreve para o público infantil? 
R: Há 11 anos! Meu primeiro livro, O MUNDINHO, foi publicado em 1999.

2 - Fale um pouco da sua trajetória como escritora.
R: Escrever e ilustrar livros infantis foi uma descoberta, uma surpresa na minha vida! Depois de O MUNDINHO, surgiram novas ideias. Adoro explorar, pesquisar novos temas e poder contribuir para um "mundinho" melhor através das mensagens das histórias.

Primeiro livro da autora!
3 - Por que você escolheu o tema “Ecologia” para trabalhar com os pequenos? Algum motivo especial?
R: O MUNDINHO, meu 1º livro, já coloca esta questão. Na época, eu estava sensibilizada pela questão ambiental, refletindo mais, pois estava grávida da minha filha Michelle e pensava no mundo que ela iria encontrar quando nascesse...

4 - Quais são suas fontes de inspiração para escrever as histórinhas?
R: Inspiro-me no que vivo, nosso dia a dia, nas atualidades, o que acontece no mundo, nos verdadeiros valores.

5 - Como artista plástica, qual material gosta de trabalhar para ilustrar seus livros?
R: Gosto muito de técnica mista: misturo pintura, colagem e desenhos, reaproveito pequenas sucatas, etc.

6 - Fale um pouco da Coleção Mundinho e seu objetivo com o público pré-leitor.
R: Cada livro da Coleção traz um tema para ser desenvolvido, explorado pelo educador e apresentado para as crianças, sempre de forma sincera, direta, falando de coisas importantes (os valores) para nossa convivência. Tudo diretamente ligado ao nosso dia a dia, nossas ações. A história e as artes, o colorido, a simplicidade, se unem para conquistar as crianças e envolvê-las com o objetivo da construção de um mundo melhor pelas nossas próprias mãos!


7- Para encerrar, você poderia mencionar algumas dicas legais a serem adotadas pelas crianças no dia a dia, a fim de diminuir a poluição no Meio Ambiente?
R: Geralmente, as crianças sugerem estas dicas: jogar o lixo no lixo, colaborar separando a sucata para reciclagem, reaproveitar a sucata, etc.

Espero que tenham gostado da dica e da entrevista! 
Para saber mais sobre a autora acesse: http://www.ingridautora.com.br

Um comentário:

Unknown disse...

Luciene você não imagina minha alegria em saber que finalmente sua 1º poesia vai sair.

Que nosso criador maior te proteja.

Atenciosamente Edi